Eu tive a honra de organizar e coordenar o Simpósio de Ecologia de Estradas na América Latina, parte da Conferência Latino-Americana de Ecologia de Paisagens, realizada de 4 a 7 de Outubro de 2009, em Campos do Jordão. Consegui o apoio do CNPq, o que possibilitou financiar a participação de Dr. Stephen Perz, Dr. Alex Bager, Dra. Cecilia Bueno e a minha.
O Dr. Stephen Perz, sociólogo da Universidade da Flórida (EUA), com mais de 10 anos de experiência no assunto, discutiu a problemática dos conflitos socio-economico-ambientais criados pela construção ou aprimoramento de estradas na Amazônia (Peru, Bolívia, Brasil). Eu apresentei os resultados do meu pós-doutorado, mostrando como as estradas podem funcionar como barreiras para comunidades de pequenos mamíferos não-restritos do bioma Mata Atlântica. O Dr. Alex Bager, docente da Universidade Federal de Lavras (MG) com mais de 10 anos de experiência no tema, apresentou uma revisão do estado-da-arte dos estudos de impacto das estradas sobre a mortalidade de vertebrados no Brasil. E finalmente, a Dra. Cecilia Bueno, docente da Universidade Veiga de Almeida (RJ), apresentou os resultados de seu projeto - Caminhos da Fauna - de mais de 3 anos na BR-040, destacando a importância da Educação Ambiental para mitigar o impacto das estradas sobre a fauna, reduzindo assim, a mortalidade destes animais.
Todo o congresso e, especialmente o Simpósio de Ecologia de Estradas, foram excelentes. Pude passar bastante tempo com o grupo de estradas e trocar muitas idéias. Acredito que a tendência é o fortalecimento do grupo e a aquisição de novos membros, como por exemplo, o Giordano.
Os próximos passos são propor uma mesa-redonda para o próximo Congresso Brasileiro de Mastozoologia e participar do IUFRO Landscape Ecology Working Group International Conference (September 2010, Bragança, Portugal).
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domingo, 11 de outubro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Mesa-redonda "Ecologia de Estradas" no CEB2009
No Congresso de Ecologia do Brasil deste ano, coordenei a mesa-redonda de Ecologia de Estradas no dia 16 de Setembro. Foi uma experiência incrível. A audiência estava muito acima do que eu esperava e depois das apresentações, o debate rendeu bastante. O público tinha alunos de graduação em sua maioria.
Eu iniciei as apresentações da mesa-redonda com uma introdução sobre o tema, seguida pelas apresentações do Dr. Philip Fearnside (INPA), da doutoranda Janaina Casella (UFMS) e da Dra. Cecilia Bueno (UVA).
Eu iniciei as apresentações da mesa-redonda com uma introdução sobre o tema, seguida pelas apresentações do Dr. Philip Fearnside (INPA), da doutoranda Janaina Casella (UFMS) e da Dra. Cecilia Bueno (UVA).
Dr. Fearnside discutiu a polêmica da construção da rodovia BR-319 (que pretende ligar Manaus a Porto Velho), questionando a existência de algum benefício desta obra faraônica, já que mesmo economicamente a navegação de cabotagem seria a melhor solução. Ecologicamente, sabe-se que as estradas na Amazônia são um dos principais agentes de desmatamento.
Janaina Casella apresentou alguns resultados do seu doutorado na Pos-Graduação de Ecologia e Conservação (UFMS), sobre atropelamentos de mamíferos na BR-262, entre Campo Grande e Miranda. Janaina mostrou os padrões espaciais e temporais desses atropelamentos, com 231 animais atropelados em dois anos de estudo, sendo os mais atropelados: lobinho (Cerdocyon thous, 71), tatu-peba (Euphractus sexcintus, 52), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, 36), tatu-galinha (Dasypus novemcinctus, 20) e tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla, 19).
Dra. Bueno mostrou alguns resultados do seu projeto "Caminhos da Fauna", onde monitora há mais de 3 anos a rodovia BR-040 (Rio de Janeiro - Juiz de Fora) e começa a implementar algumas medidas mitigadoras, com apoio da CONCER: placas para sinalização (avisando os motoristas nos trechos com maior incidência de atropelamentos), cercas em um rio (onde a incidência de atropelamentos de capivaras era excessiva) e bandeirolas (para evitar que as aves executem seu vôo rasante cruzando a rodovia).
Eu adorei as apresentações porque mostraram vários ângulos do impacto ambiental causado pelas estradas e em três biomas brasileiros: desmatamento na Floresta Amazônica, atropelamento resultando na morte de mamíferos no Pantanal e na Mata Atlântica (que pode representar um aumento significativo na taxa de mortalidade das populações e uma perda significativa na biodiversidade local).
Vale lembrar que esta mesa-redonda foi originalmente proposta pelo Dr. Alex Bager (UFLA) que pediu que eu a coordenasse em seu lugar porque ele participaria de ICOET (um importante congresso internacional na área de Ecologia de Estradas). Dei muita sorte!
Para os interessados no tema, sugiro ler a "bíblia" da área de Ecologia de Estradas:
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