terça-feira, 17 de novembro de 2009

História Ambiental

Hoje, com a ajuda da Dra. Graciela Oliver, descobri o website da "Rede Brasileira de História Ambiental". Esta área de pesquisa é muito interessante e fundamental para compreendermos os atuais padrões e processos ecológicos que observamos hoje, especialmente sob a ótica da Ecologia de Paisagens. Fiquei surpresa pela existência de uma rede sobre o tema. Quero muito participar deste grupo.

sábado, 7 de novembro de 2009

Economia Solidária

Ontem, 6/11/2009, na UFABC, assisti a palestra do Dr. Paul Singer (economista, professor titular da Universidade de São Paulo e Secretário Nacional de Economia Solidária) sobre Economia Solidária.


Tenho interesse em propostas de ações que busquem o desenvolvimento sustentável, e acredito que esta seja uma delas, já que busca o equilíbrio dinâmico entre as dimensões econômica e social. A dimensão ambiental fica em segundo plano na Economia Solidária, mas não é negligenciada.


A palestra do Dr. Paul Singer foi estimulante e animadora porque mostrou ações buscando a eqüidade social que é tão difícil de ser atingida em uma sociedade capitalista, mas não é incompatível nem impossível.


Segundo ele a Economia Solidária tem como base a democracia, auto gestão e confiança, cujo objetivo é a felicidade (e não o lucro).


Os empreendimentos solidários são constituídos por trabalhadores emancipados, que produzem ou prestam serviços, e se organizam democraticamente cujas decisões são tomadas através de assembléias com a participação de todos. Além disso, não existe um chefe, nem hierarquia. O pagamento - retirada mensal - a princípio (já que a decisão é tomada nas assembléias) é igual para todos os trabalhadores participantes do empreendimento.


O objetivo dos empreendimentos solidários é retirar as pessoas da miséria através do trabalho, as incluindo na economia formal. Há a possibilidade de criar moedas sociais quando os empreendedores não tem capital suficiente para comprar e vender produtos. A moeda social já vem sendo usada em várias regiões brasileiras, p.ex. palmas (em Fortaleza, CE) e comissari (em São Bernardo do Campo, SP). A moeda social junto com o microcrédito aumenta o capital circulante e comércio local, dando trabalho, poder de compra, dignidade e melhorando a qualidade de vida em comunidades carentes. O microcrédito é um sucesso comprovado em vários países, p.ex. em Bangladesh, onde Muhammad Yunus, banqueiro e prêmio nobel da paz em 2006, disponibilizou o microcrédito para pequenos grupos de mulheres miseráveis para desenvolver seus empreendimentos solidários, melhorando a qualidade de vida delas e da comunidade onde elas estão inseridas.


No Brasil, os empreendimentos solidários estão em expansão, apresentando resultados positivos. O desafio atual é colocar os empreendimentos em rede para aprimorar o acesso ao mercado. Existem muitos exemplos de sucesso, podendo destacar alguns como Justa Trama, Associação de Moradores do Conjunto Palmas, e muitos outros especialmente no Nordeste. O Banco do Brasil, através do Banco Popular do Brasil, e o Banco Central, através da emissão de moedas sociais, estão apoiando as iniciativas gerenciadas pela Secretaria Nacional de Economia Solidária. A comunidade acadêmica também se mobiliza através de cursos sobre o assunto (ex. UNICAMP). Iniciativas de Economia Solidária tem tido sucesso em vários países, sendo o maior destaque Mondragon (País Basco).


A Economia Solidária tem o potencial incrível e maravilhoso de melhorar a qualidade de vida de milhares de comunidades carentes no mundo, sendo uma luz brilhante no fim do túnel da busca da equidade social e do comércio justo.










domingo, 11 de outubro de 2009

Road Ecology in Latin America Symposium

Eu tive a honra de organizar e coordenar o Simpósio de Ecologia de Estradas na América Latina, parte da Conferência Latino-Americana de Ecologia de Paisagens, realizada de 4 a 7 de Outubro de 2009, em Campos do Jordão. Consegui o apoio do CNPq, o que possibilitou financiar a participação de Dr. Stephen Perz, Dr. Alex Bager, Dra. Cecilia Bueno e a minha.


O Dr. Stephen Perz, sociólogo da Universidade da Flórida (EUA), com mais de 10 anos de experiência no assunto, discutiu a problemática dos conflitos socio-economico-ambientais criados pela construção ou aprimoramento de estradas na Amazônia (Peru, Bolívia, Brasil). Eu apresentei os resultados do meu pós-doutorado, mostrando como as estradas podem funcionar como barreiras para comunidades de pequenos mamíferos não-restritos do bioma Mata Atlântica. O Dr. Alex Bager, docente da Universidade Federal de Lavras (MG) com mais de 10 anos de experiência no tema, apresentou uma revisão do estado-da-arte dos estudos de impacto das estradas sobre a mortalidade de vertebrados no Brasil. E finalmente, a Dra. Cecilia Bueno, docente da Universidade Veiga de Almeida (RJ), apresentou os resultados de seu projeto - Caminhos da Fauna - de mais de 3 anos na BR-040, destacando a importância da Educação Ambiental para mitigar o impacto das estradas sobre a fauna, reduzindo assim, a mortalidade destes animais.


Todo o congresso e, especialmente o Simpósio de Ecologia de Estradas, foram excelentes. Pude passar bastante tempo com o grupo de estradas e trocar muitas idéias. Acredito que a tendência é o fortalecimento do grupo e a aquisição de novos membros, como por exemplo, o Giordano.


Os próximos passos são propor uma mesa-redonda para o próximo Congresso Brasileiro de Mastozoologia e participar do IUFRO Landscape Ecology Working Group International Conference (September 2010, Bragança, Portugal).

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mesa-redonda "Ecologia de Estradas" no CEB2009


No Congresso de Ecologia do Brasil deste ano, coordenei a mesa-redonda de Ecologia de Estradas no dia 16 de Setembro. Foi uma experiência incrível. A audiência estava muito acima do que eu esperava e depois das apresentações, o debate rendeu bastante. O público tinha alunos de graduação em sua maioria.


Eu iniciei as apresentações da mesa-redonda com uma introdução sobre o tema, seguida pelas apresentações do Dr. Philip Fearnside (INPA), da doutoranda Janaina Casella (UFMS) e da Dra. Cecilia Bueno (UVA).



Dr. Fearnside discutiu a polêmica da construção da rodovia BR-319 (que pretende ligar Manaus a Porto Velho), questionando a existência de algum benefício desta obra faraônica, já que mesmo economicamente a navegação de cabotagem seria a melhor solução. Ecologicamente, sabe-se que as estradas na Amazônia são um dos principais agentes de desmatamento.


Janaina Casella apresentou alguns resultados do seu doutorado na Pos-Graduação de Ecologia e Conservação (UFMS), sobre atropelamentos de mamíferos na BR-262, entre Campo Grande e Miranda. Janaina mostrou os padrões espaciais e temporais desses atropelamentos, com 231 animais atropelados em dois anos de estudo, sendo os mais atropelados: lobinho (Cerdocyon thous, 71), tatu-peba (Euphractus sexcintus, 52), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, 36), tatu-galinha (Dasypus novemcinctus, 20) e tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla, 19).


Dra. Bueno mostrou alguns resultados do seu projeto "Caminhos da Fauna", onde monitora há mais de 3 anos a rodovia BR-040 (Rio de Janeiro - Juiz de Fora) e começa a implementar algumas medidas mitigadoras, com apoio da CONCER: placas para sinalização (avisando os motoristas nos trechos com maior incidência de atropelamentos), cercas em um rio (onde a incidência de atropelamentos de capivaras era excessiva) e bandeirolas (para evitar que as aves executem seu vôo rasante cruzando a rodovia).


Eu adorei as apresentações porque mostraram vários ângulos do impacto ambiental causado pelas estradas e em três biomas brasileiros: desmatamento na Floresta Amazônica, atropelamento resultando na morte de mamíferos no Pantanal e na Mata Atlântica (que pode representar um aumento significativo na taxa de mortalidade das populações e uma perda significativa na biodiversidade local).


Vale lembrar que esta mesa-redonda foi originalmente proposta pelo Dr. Alex Bager (UFLA) que pediu que eu a coordenasse em seu lugar porque ele participaria de ICOET (um importante congresso internacional na área de Ecologia de Estradas). Dei muita sorte!


Para os interessados no tema, sugiro ler a "bíblia" da área de Ecologia de Estradas: