sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A última peça do Gondwana: Antigo oceano que isolava a Amazônia dos demais blocos da América do Sul secou há 520 milhões de anos

Marcos Pivetta - Edição Impressa 173 - Julho 2010
© BEN MCGEE


A história cronológica de Gondwana, o antigo supercontinente austral que incluía a maior parte das terras hoje situadas no hemisfério Sul, está sendo reescrita por pesquisadores brasileiros e norte-americanos. De acordo com novas datações de rochas e análises do campo magnético presente em trechos de uma cadeia montanhosa do Brasil Central, o evento final que levou à formação do supercontinente ocorreu 100 milhões de anos mais tarde do que se pensava. O desaparecimento de um oceano, Clymene, que separava a Amazônia dos demais blocos da futura América do Sul, se deu 520 milhões de anos atrás.

 “Antes trabalhávamos com a ideia de que o fechamento do Clymene tivesse ocorrido há cerca de 620 milhões de anos”, afirma o geólogo Ricardo Trindade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), um dos autores do trabalho, publicado na edição de março da revista científica Geology. “Agora sabemos que a Amazônia passou muito tempo separada dos demais fragmentos da América do Sul e do resto de Gondwana por esse oceano.” A existência desse mar interior rasgando o coração do antigo Brasil é uma proposta desse grupo de pesquisadores. Seu nome foi retirado da mitologia grega. Clymene era a mulher do titã Iapetus. O oceano foi assim batizado para enfatizar sua conexão com outro oceano, o grande Iapetus, que banhava na mesma época o hemisfério Sul.

 A junção dos fragmentos originais da América do Sul deixou marcas no relevo na forma de elevações, visíveis até hoje. O estudo pormenorizado das características de uma dessas cicatrizes geológicas, a Faixa Paraguai, levaram os pesquisadores a fixar uma nova data para o final do processo de montagem do Gondwana. A Faixa Paraguai é um grupo de elevações que marca a zona de colisão, ou sutura no jargão dos geólogos, entre o maior dos antigos blocos sul-americanos, a Amazônia, e as demais partes  do continente. A rigor, ela é parte de uma enorme  cadeia de montanhas que se estende desde a fronteira do Maranhão com o Pará, passando pelo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, até o sul da Argentina. “É notável que essas montanhas apresentem uma forma curva”, comenta o geó logo norte-americano Eric Tohver, da University of Western Australia, outro responsável pelo trabalho. “Em Mato Grosso, a direção da cadeia é oeste-leste. Do Mato Grosso do Sul até o Paraguai é norte-sul.” Com financiamento da FAPESP e da National Science Foundation dos Estados Unidos, Tohver participou do estudo durante os três anos em que fez pós-doutorado na USP com a equipe de Trindade e Cláudio Riccomini.

 A antiguidade das montanhas da Faixa Paraguai, da qual faz parte a serra das Araras, em Mato Grosso, foi determinada por meio da datação das argilas depositadas no fundo do antigo oceano Clymene. Usando uma variação da técnica normalmente empregada para calcular a idade de certos tipos de falhas geológicas e terremotos, o método mede a quantidade de dois isótopos do elemento argônio (40Ar e 39Ar) nas rochas. Os resultados sugerem que a formação das montanhas – e, portanto, o fechamento do oceano Clymene – ocorreu há cerca de 520 milhões, uma centena de milhões de anos depois do que se pensava.

 A segunda análise usada para amparar essa conclusão diz respeito à direção e à intensidade do campo magnético da Terra armazenado nos minerais presentes nas rochas e sedimentos dessas montanhas. Esses materiais têm algo como uma bússola embutida em seu interior, um sinal que permite deduzir onde ficavam os polos magnéticos num momento da história evolutiva do planeta e fornece pistas sobre a movimentação dos continentes no passado remoto. No caso das amostras da Faixa Paraguai, os estudos indicam que a conformação não retilínea da cadeia de montes é compatível com os registros paleomagnéticos arquivados em seus minerais. “Os vetores magnéticos seguem a curva das montanhas”, diz Toh ver. As análises atestam também que a cadeia, na verdade, foi um dia reta, mas, em seguida, foi dobrada por um movimento de rotação sobre um eixo vertical. Esse tipo de ajuste é comum de ocorrer em lugares onde houve o choque e a acomodação de antigos blocos de terra, como se deu no Brasil Central quando o Clymene desapareceu.
Até os anos 1980 era dominante a ideia de que o Gondwana havia adquirido seus contornos definitivos de uma só vez. Todas as peças constituintes do supercontinente austral, porções antigas e relativamente estáveis da crosta continental denominadas crátons pelos geólogos, teriam se encaixado umas nas outras mais ou menos ao mesmo tempo. Nas últimas décadas, ganhou força a hipótese de que a gênese do supercontinente foi um processo menos pontual e que seu derradeiro ato ocorreu justamente no centro do Brasil, onde nem todas as peças desse quebra- -cabeça geológico tinham encontrado um ponto justo de encaixe.

Segundo esse novo modelo, ao contrário do resto do Gondwana, cujas partes já estavam unidas e acomodadas, a América do Sul ainda estava fracionada em blocos há pouco mais de meio bilhão de anos. Existiam os crátons Amazônia, São Francisco (ligado à África), Rio Apa, Paraná, Luís Alves e Rio da Prata. Com exceção dos Andes, que ainda não haviam se formado, as partes principais do nosso continente estavam próximas umas das outras, mas ainda apartadas pelo Clymene (ver quadro). O oceano teve de fechar para que os blocos de terra finalmente se encaixassem. Esse foi o derradeiro movimento na montagem do Gondwana, que incluía peças das atuais América do Sul, África, Oceania, Antártida, Índia e península Arábica.



Infográfico
A última peça do Gondwana
Artigo científico
TOHVER, E. et al. Closing the Clymene ocean and bending a Brasiliano belt: Evidence for the Cambrian formation  of Gondwana, southeast Amazon craton. Geology. v. 38. n. 3, p. 267-70. mar. 2010.

O Projeto
Sedimentação após as glaciações do Neoproterozoico: Um estudo integrado das capas carbonáticas do Brasil e da África - nº 05/53521-1 
Modalidade
Auxílio Regular a Projeto  de Pesquisa
Coordenador
Ricardo Trindade - IAG/USP
Investimento
R$ 127.962,86 e  US$ 13.669,00

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ônibus ambiental: Coppe constrói veículo a hidrogênio e bateria

Pesquisa FAPESP Online

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Revisão sem sustentação científica



Agência FAPESP (19/7/2010, Por Fábio de Castro) – A revisão do Código Florestal brasileiro, em votação no Congresso Nacional, está provocando sérias preocupações na comunidade científica e suscitando diversas manifestações no Brasil e no exterior.


Com uma possível aprovação do relatório que propõe mudanças na legislação ambiental, o Brasil estaria “arriscado a sofrer seu mais grave retrocesso ambiental em meio século, com consequências críticas e irreversíveis que irão além das fronteiras do país”, segundo carta redigida por pesquisadores ligados ao Programa Biota-FAPESP e publicada na sexta-feira (16/7), na revista Science.

O texto é assinado por Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Thomas Lewinsohn, do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luciano Verdade e Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, e Carlos Alfredo Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.

As novas regras, segundo eles, reduzirão a restauração obrigatória de vegetação nativa ilegalmente desmatada desde 1965. Com isso, “as emissões de dióxido de carbono poderão aumentar substancialmente” e, a partir de simples análises da relação espécies-área, é possível prever “a extinção de mais de 100 mil espécies, uma perda massiva que invalidará qualquer comprometimento com a conservação da biodiversidade”.

A comunidade científica, de acordo com o texto, foi “amplamente ignorada durante a elaboração” do relatório de revisão do Código Florestal. A mesma crítica foi apresentada em carta enviada por duas das principais instituições científicas do país, no dia 25 de junho, à Comissão Especial do Código Florestal Brasileiro na Câmara dos Deputados.

Assinada por Jacob Palis e Marco Antonio Raupp, respectivamente presidentes da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), a carta defende que o Código Florestal, embora passível de aperfeiçoamentos, é a “peça fundamental de uma legislação ambiental reconhecida com uma das mais modernas do mundo”.

A reformulação do código, segundo o texto, baseia-se na “premissa errônea de que não há mais área disponível para expansão da agricultura brasileira” e “não foi feita sob a égide de uma sólida base científica, pelo contrário, a maioria da comunidade científica não foi sequer consultada e a reformulação foi pautada muito mais em interesses unilaterais de determinados setores econômicos”.

Entre as consequências de uma aprovação da proposta de reformulação, a carta menciona um “aumento considerável na substituição de áreas naturais por áreas agrícolas em locais extremamente sensíveis”, a “aceleração da ocupação de áreas de risco em inúmeras cidades brasileiras”, o estímulo à “impunidade devido a ampla anistia proposta àqueles que cometeram crimes ambientais até passado recente”, um “decréscimo acentuado da biodiversidade, o aumento das emissões de carbono para a atmosfera” e o “aumento das perdas de solo por erosão com consequente assoreamento de corpos hídricos”.

No dia 16 de junho, as lideranças da Câmara dos Deputados também receberam carta do geógrafo e ambientalista Aziz Nacib Ab’Sáber – professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP –, que fez duras críticas ao relatório de reformulação da legislação.

Reconhecido como um dos principais conhecedores do bioma amazônico, Ab’Sáber defendeu que, “se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território”. Segundo o geógrafo, a proposta foi apresentada anteriormente ao Governo Federal, mas a resposta era de que se tratava de “uma ideia boa mas complexa e inoportuna”.

No documento, Ab’Sáber afirma que “as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva”. Segundo ele, “enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico”.

Mudanças para pior
De acordo com Joly, que é coordenador do Biota-FAPESP, caso a reformulação seja aprovada, o Código Florestal mudará para pior em vários aspectos. “Essas manifestações da comunidade científica vão continuar, porque a situação é muito grave. Se essas mudanças forem aprovadas teremos um retrocesso de meio século na nossa legislação ambiental, com consequências profundamente negativas em diversas dimensões”, disse à Agência FAPESP.

Segundo ele, as mudanças terão impacto negativo sobre a conformação das Áreas de Proteção Permanente (APP) e Reservas Legais (RL) e sobre o funcionamento da regularização de propriedades em situação ilegal. Atualmente, explica, os proprietários que não possuem RL ou APPs preservadas estão sujeitos a multas caso se recusem a recuperar as áreas degradadas, ou quando realizarem desmatamento ilegal. Nessas condições, podem até mesmo ter sua produção embargada.

“Mas se a proposta de mudança for aprovada, os Estados terão cinco anos, após a aprovação da lei, para criar programas de regularização. Nesse período ninguém poderá ser multado e as multas já aplicadas serão suspensas. Aqueles que aderirem à regularização poderão ser dispensados definitivamente do pagamento de multas. Ficarão livres também da obrigação de recuperar as áreas ilegalmente desmatadas”, explicou.

Em relação às APPs, a legislação atual protege no mínimo 30 metros de extensão a partir das margens de rios, encostas íngremes, topos de morros e restingas. Quem desmatou é obrigado a recompor as matas.

Se a nova proposta for aprovada, a faixa mínima de proteção nas beiras de rios será reduzida a 15 metros. Topos de morro e áreas acima de 1.800 metros deixam de ser protegidas. As demais áreas, mesmo formalmente protegidas, poderão ser ocupadas por plantações, pastagens ou construções, caso tenham sido desmatadas até 2008 e forem consideradas “áreas consolidadas”.

“As principais candidatas a se tornar áreas consolidadas são justamente as áreas irregularmente ocupadas, que sofrem com enchentes, deslizamentos, assoreamento e seca de rios. Como não haverá recuperação e as ocupações permanecerão, essas áreas serão condenadas a conviver eternamente com esses problemas, perpetuando tragédias como as de Angra dos Reis, do Vale do Itajaí e Alagoas”, disse Joly.

No que diz respeito à RL, a lei atual impõe um mínimo de vegetação nativa em todas as propriedades: de 20% do tamanho dos imóveis situados em áreas de Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas e, na Amazônia Legal, 35% nas áreas de Cerrado e 80% nas de floresta. Quem não tem a área preservada precisa recuperar espécies nativas ou compensar a falta de reserva no imóvel com o arrendamento de outra área preservada situada na mesma bacia hidrográfica.

Com a nova proposta, as propriedades com até quatro módulos fiscais (20 a 440 hectares, dependendo da região do país) não precisam recuperar a área caso o desmatamento tenha ocorrido até a promulgação da lei. Nas demais propriedades será preciso recuperar a vegetação, mas o cálculo não será feito com base na área total do imóvel: a base de cálculo é a área que exceder quatro módulos fiscais.

Além disso, as compensações poderão ser feitas com áreas situadas a milhares de quilômetros da propriedade, desde que no mesmo bioma. O proprietário terá também a opção de fazer a compensação em dinheiro, com doação a um fundo para regularização de unidades de conservação.

“Como mais de 90% dos imóveis rurais têm até quatro módulos fiscais, boa parte deles concentrados no Sul e Sudeste, haverá grandes áreas do país em que simplesmente não haverá mais vegetação nativa, pois são essas áreas também que abrigam o maior número de APPs com ocupação ‘consolidada’. Há ainda um grande risco de que propriedades maiores sejam artificialmente divididas nos cartórios para serem isentas da obrigação de recuperação – algo que já está ocorrendo”, destacou Joly.

A proposta de reformulação proíbe a fragmentação das propriedades. Mas, segundo Joly, a fiscalização e coibição é extremamente difícil e, por isso, a anistia não ficará restrita às pequenas propriedades. “Os poucos que forem obrigados a recompor áreas desmatadas poderão fazer isso com espécies exóticas em até metade da propriedade, ou optar por arrendar terras baratas em locais distantes, dificultando a fiscalização”, disse.

Desproteção e impacto nas águas
Ricardo Ribeiro Rodrigues, que coordenou o programa Biota-FAPESP de 2004 a 2008, criticou o principal argumento para a defesa da reforma do Código Florestal: a alegação de que não existe mais área disponível para expansão da agricultura brasileira.

“O principal erro desse código novo é que ele não considera as áreas que foram disponibilizadas para a agricultura historicamente, mas que são de baixa aptidão agrícola e por isso são subutilizadas hoje, sem papel ambiental e com baixo rendimento econômico, como os pastos em alta declividade”, afirmou.

Segundo ele, o entorno das rodovias Dutra e D. Pedro, na região da Serra da Mantiqueira e Serra do Mar, são exemplos de áreas de uso agrícola inadequado que poderiam ser revertidas para florestas nativas, para compensação de RL de fazendas com elevada aptidão agrícola. “Se isso não for feito, essas áreas continuarão sendo mal utilizadas. Podemos encontrar exemplos semelhantes em todo o território brasileiro”, disse.

Outro impacto negativo da proposta de modificação do Código para a restauração, segundo Rodrigues, é a anistia proposta para as APPs irregulares. “Quem degradou as APPs não vai precisar recuperar e, pior, poderá continuar usando a área desmatada. Quem preservou vai ser punido”, explicou.

Segundo ele, um inventário produzido pelo Biota-FAPESP este ano mostra que mais de 70% dos remanescentes florestais no Brasil estão fora das Unidades de Conservação e se localizam em propriedades privadas. “Se não tivermos mecanismos legais para a conservação dessas áreas – como a RL e APP do código atual – elas vão ser degradadas depois da moratória de cinco anos determinada na proposta de alteração do Código”, afirmou.

A reformulação do Código Florestal deverá diminuir a eficiência dos mecanismos legais de proteção ambiental. Uma das consequências mais graves será o impacto na qualidade da água. De acordo com José Galizia Tundisi, do Instituto Internacional de Ecologia, de São Carlos (SP), com o solo mais exposto, haverá um aumento da erosão e do assoreamento de corpos d’água, além da contaminação de rios com fertilizantes e agrotóxicos.

“A preservação de mosaicos de vegetação, florestas ripárias – ou matas ciliares – e de áreas alagadas é fundamental para a manutenção da qualidade da água de rios, lagos e represas. Essa vegetação garante a capacidade dos sistemas para regular o transporte de nutrientes e o escoamento de metais e poluentes. Esses processos atingem tanto as águas superficiais como as subterrâneas”, disse à Agência FAPESP.

O processo de recarga dos aquíferos, segundo Tundisi, também depende muito da cobertura vegetal. A vegetação retém a água que, posteriormente, é absorvida pelos corpos d’água subterrâneos. Com o desmatamento, essa água escoa e os aquíferos secam.

Tundisi criticou também a diminuição da delimitação das áreas preservadas em torno de rios. “Essa delimitação de faixas marginais é sempre artificial, seja qual for a metragem. Não é possível estabelecer de forma geral uma área de preservação de 15 metros dos dois lados do leito dos rios. Seria preciso delimitar caso a caso, porque a necessidade de preservação varia de acordo com a ecologia do entorno e os padrões de inundação do sistema. A delimitação deve ter caráter ecológico e não se basear em metragens”, ressaltou.

A modificação na legislação, para Tundisi, vai na contramão das necessidades de preservação ambiental. “Seria preciso preservar o máximo possível as bacias hidrográficas. Mas o projeto prevê até mesmo o cultivo em várzeas, o que é um desastre completo. Enquanto existem movimentos mundiais para a preservação de várzeas, nós corremos o risco de ir na contramão”, afirmou.

Para Tundisi, com o impacto que provocará nos corpos d’água, a aprovação da modificação no Código Florestal prejudicará gravemente o próprio agronegócio. “Se não mantivermos as áreas de proteção, a qualidade da água será afetada e não haverá disponibildade de recursos hídricos para o agronegócio. Fazer um projeto de expansão do agronegócio às custas da biodiversidade é uma atitude suicida”, disse.

A agricultura deverá ser prejudicada também com o aumento do preço da água. “Trata-se de algo cientificamente consolidado: o custo do tratamento da água aumenta à medida que diminui a proteção aos mananciais”, disse o cientista. 

Argumentação desmontada

Luiz Antonio Martinelli, pesquisador do Cena-USP e professor convidado da Universidade de Stanford, afirma que o Código Florestal, criado em 1965, de fato tem pontos que necessitam de revisão, em especial no que diz respeito aos pequenos agricultores, cujas propriedades eventualmente são pequenas demais para comportar a presença das APPs e a RL.

“Mas, qualquer que seja a reformulação, ela deve ter uma base científica sólida. Essa foi a grande falha da modificação proposta, que teve o objetivo político específico de destruir ‘empecilhos’ ambientais à expansão da fronteira agrícola a qualquer custo”, disse Martinelli.

Segundo ele, o argumento central da proposta de reformulação foi construído a partir de um “relatório cientificamente incorreto encomendado diretamente pelo Ministério da Agricultura a um pesquisador ligado a uma instituição brasileira de pesquisa”.

“O relatório concluía que não haveria área suficiente para a expansão agrícola no país, caso a legislação ambiental vigente fosse cumprida ao pé da letra. O documento, no entanto, foi produzido de forma tão errônea que alguns pesquisadores envolvidos em sua elaboração se negaram a assiná-lo”, apontou.

O principal argumento para as reformas, segundo o pesquisador, baseia-se na alegação de que há um estrangulamento da expansão de terras agrícolas, supostamente bloqueado pelas APPs e RL. Para os proponentes da mudança, esses mecanismos de proteção ambiental tornam a legislação atual excessivamente rigorosa, bloqueando o avanço do agronegócio. Esse bloqueio, no entanto, não existe, afirma. “A falácia desse argumento foi cientificamente desmontada.”

Martinelli cita estudo coordenado por Gerd Sparovek, pesquisador da Esalq-USP, que usou sensoriamento remoto para concluir que a área cultivada no Brasil poderá ser praticamente dobrada se as áreas hoje ocupadas com pecuária de baixa produtividade forem realocadas para o cultivo agrícola.

“Melhorando a eficiência da pecuária em outras áreas por meio de técnicas já conhecidas, não há qualquer necessidade de avançar sobre a vegetação natural protegida pelo Código Florestal atual”, disse.

As pastagens ocupam hoje, segundo Martinelli, cerca de 200 milhões de hectares, com aproximadamente 190 milhões de cabeças de gado. “Caso dobremos a lotação de uma para duas cabeças de gado, liberamos cerca de 100 milhões de hectares. A área ocupada pelas três maiores culturas – soja, milho e cana – cobrem uma área aproximada de 45 milhões de hectares. Portanto, com medidas simples de manejo poderemos devolver para a agricultura uma área equivalente ao dobro ocupado pelas três maiores culturas brasileiras”, afirmou.

A operação não seria tão simples, segundo o pesquisador, já que envolve questões de preço da terra e mercado agrícola, por exemplo. Mas a aproximação dá uma ideia de como é possível gerar terras agriculturáveis sem derrubar nenhuma árvore.

Para o pesquisador do Cena-USP, a maior parte das reformulações propostas tem o único propósito de aumentar a área agrícola a baixo custo. “O mais paradoxal é que as mudanças beneficiam muito mais os proprietários de grandes extensões de terra do que pequenos produtores”, disse.

Martinelli afirmou ainda que não acredita que as mudanças no Código Florestal possam beneficiar o desenvolvimento da produção de alimentos no Brasil. Segundo ele, se houvesse preocupação real com a produção de alimentos, o governo deveria ampliar e facilitar o crédito ao pequenos produtores, investir em infraestrutura – como estradas e armazenamento – para auxiliar o escoamento desses produtos e, principalmente, investir maciçamente em pesquisas que beneficiassem essas culturas visando a aumentar sua produtividade.

“Quem sabe com um aumento considerável na produtividade pequenos agricultores pudessem manter suas áreas de preservação permanente e suas áreas de reserva legal, gerando vários serviços ambientais que são fundamentais para a agricultura”, disse.


Novos debates
No dia 7 de julho, a SBPC reuniu em sua sede em São Paulo um grupo de cientistas ligados à temática do meio ambiente para iniciar uma análise aprofundada sobre o assunto, do ponto de vista econômico, ambiental e científico.

O evento teve a participação de Raupp, Ab’Sáber, Joly, Martinelli, Rodrigues, além de Ladislau Skorupa, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Carlos Afonso Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e João de Deus Medeiros, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Os cientistas formaram um grupo de trabalho para emitir pareceres sobre as mudanças do Código Florestal. Na Reunião Anual da SBPC, que será realizada em Natal (RN) entre 25 e 30 de julho, uma mesa-redonda discutirá o tema.

Outra reunião, prevista para a segunda quinzena de agosto, deverá sistematizar todas as sugestões do grupo em um documento a ser divulgado nos meios de comunicação e encaminhado aos congressistas.

No dia 3 de agosto, o programa BIOTA-FAPESP realizará o evento técnico-científico "Impactos potenciais das alterações do Código Florestal Brasileiro na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos". Na oportunidade, especialistas farão uma avaliação dos possíveis impactos que as alterações do Código terão sobre grupos taxonômicos específicos (vertebrados e alguns grupos de invertebrados), bem como em termos de formações (Mata Atlântica e Cerrado) e de serviços ecossistêmicos (como ciclos biogeoquímicos e manutenção de populações de polinizadores). Além de reforçar a base cientifica sobre a importância das APP e de RL para conservação da biodiversidade, o evento visa a subsidiar a ABC e a SBPC no posicionamento sobre essa temática.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Relatório do Código Florestal é aprovado na Comissão Especial

Má notícia para quem luta por um Brasil do futuro, ou seja, sustentável ambiental, social e economicamente. Prestem atenção nos nomes dos deputados para votar de forma coerente na próxima eleição!


O relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que propõe mudanças na legislação ambiental foi aprovado na tarde desta terça-feira (6) na Comissão Especial do Código Florestal. Por 13 votos favoráveis e cinco contrários, a aprovação encerra o trabalho da Comissão Especial. Os destaques foram rejeitados e o próximo passo é a votação no plenário da Câmara, ainda sem data prevista.

A Comissão começou os trabalhos pela manhã, quando Rebelo apresentou as mudanças em relação ao substitutivo de lei apresentado no início de junho (leia abaixo). Os deputados discutiram o tema e suspenderam a sessão. Na volta, no início da tarde, os líderes dos partidos na Comissão deram seus pareceres e em seguida começou a votação nominal. "Essa foi uma vitória importante para a proteção do meio ambiente. Vamos proteger o remanescente de nossas florestas, pois estamos propondo o desmatamento zero. Por outro lado, vamos regularizar as propriedades rurais", afirmou.

Votaram a favor os deputados Anselmo de Jesus (PT-RO), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Homero Pereira (PR-MT), Moachir Micheletto (PMDB-PR), Paulo Piau (PMDB-MG), Ernandes Amorim (PTB-RO), Marcos Montes (DEM-MG), Moreira Mendes (PPS-RO), Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Reinold Stephanes (PMDB-PR), Valdir Colatto (PMDB-SC) e Eduardo Sciarra (DEM-PR). Foram apenas cinco votos contrário: Ivan Valente (Psol-SP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Dr. Rosinha (PT-PR), Ricardo Tripoli (PSDB-BA) e Sarney Filho (PV-MA).

"Os produtores rurais esperavam mais e os ambientalistas também. Mas eu não fiz um relatório para atender a uma corporação específica, e sim para atender interesse do país, que é compatibilizar a proteção do meio ambiente com a produção Brasil. E acredito que alcançamos estes objetivos, mesmo que não totalmente", disse Rebelo.

O deputado Rebelo destaca alguns pontos de seu relatório. "O objetivo foi tentar regularizar a situação de 90% de produtores brasileiros, que estão na ilegalidade. E, é claro, manter a vegetação que hoje temos no Brasil", afirmou. Isso será possível por conta da previsão de uma moratória de cinco anos, que não permitirá nenhum tipo de desmatamento para agricultura ou pecuária. Nesse tempo, os proprietários rurais deverão fazer um Programa de Regularização Ambiental (PRA), onde devem se adequar à lei. Com esse PRA, será possível ter um diagnóstico da situação de florestas no país, o que não é possível hoje. "Vamos obrigar que os proprietários façam um registro do que possuem de área preservada em suas propriedades", disse Rebelo.

Na manhã desta terça-feira (6), Rebelo apresentou algumas mudanças. Dois pontos principais foram destacados por ele, como a questão da Reserva Legal em pequenas propriedades. "Propriedades de até quatro módulos fiscais estão dispensados da recomposição da Reserva Legal, mas isso não permite que eles desmatem as partes preservadas. Minha proposta é de desmatamento zero", disse.

Um dos pontos polêmicos era em relação às Áreas de Proteção Permanente (APP). Rebelo tinha proposto a redução de 30 para 15 metros em cursos d´água de até dez metros de largura. "Mas os estados não terão o poder de reduzir as APPs", disse, referindo-se ao novo texto, que retira essa permissão aos estados. 

Alterações apresentadas nesta terça-feira (06)
- Incluiu que as "florestas são bens de interesses comuns de todos os habitantes do país" - art. 2º
- Tornou mais rígida a obrigação de recomposição de Área de Preservação Permanente (APP), deixando clara que os proprietários serão punidos caso não façam - art. 7º
- Deixou claro que o pequeno proprietário está liberado da recomposição da Reserva Legal, mas não poderá haver nenhum corte na vegetação remanescente - art. 13 § 4º
- Os cursos d´água de até 10 metros de largura terão a Área de Proteção Permanente (APP) reduzida de 30 para 15 metros, no entanto, os estados não terão mais o direito de reduzir ou aumentar essa metragem
- A localização da Reserva Legal na propriedade não é de responsabilidade do proprietário e sim do órgão ambiental competente - art. 14 § 1º
- Deixou claro que a recomposição da Reserva Legal deve ser feita no mesmo bioma - art. 26 § 5º Inc. II
- Reduziu o prazo de recomposição da Reserva Legal de 30 para 20 anos - art. 26 § 1º


Energia renovável em alta na Europa



Agência FAPESP (6/7/2010) – Fontes renováveis responderam por 62% da nova capacidade de geração de eletricidade instalada em 2009 nos países da União Europeia (UE). No ano, em termos absolutos, 19,9% (ou 608 terawatts-hora – TWh) do consumo total de energia na UE (3042 TWh) derivou de fontes renováveis.

Os dados são do relatório 2010 Renewable Energy Snapshots, publicado pelo Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia –instituição politicamente independente que representa e defende os interesses da UE.

A energia hidrelétrica respondeu pela maior parcela entre as fontes renováveis, com (11,6%), seguida pelas energias eólica (4,2%), biomassa (3,5%) e solar (0,4%).

Da nova capacidade de geração instalada em 2009, entre as fontes renováveis a energia eólica ficou em primeiro, com 37,1%, seguida por fotovoltaica (21%), biomassa (2,1%), hidrelétrica (1,4%) e energia solar concentrada (0,4%), sistema que usa lentes ou espelhos para concentrar uma grande área de luz solar.

Com relação às fontes de geração não renováveis, da capacidade instalada em 2009 o gás ficou em primeiro, com 24%, seguido pelo carvão (8,7%), óleo (2,1%), incineração de lixo (1,6%) e energia nuclear (1,6%).

Se as taxas de crescimento atuais forem mantidas, em 2020 até 1400 TWh de eletricidade poderá ser gerada a partir de fontes renováveis, aponta o relatório. Isso representaria de 35% a 40% do consumo de eletricidade geral estimado para os países que compõem a União Europeia.

A energia eólica é destacada no documento, tendo superado já em 2009, com uma capacidade instalada total superior a 74 gigawatts-hora (GWh), a meta estabelecida anteriormente para 2010, de 40 GWh. Agora, a European Wind Association estabeleceu uma nova meta: de ter uma capacidade instalada de 230 GWh até 2020.

Outro destaque é a energia de biomassa. De acordo com o relatório da UE, se as taxas de crescimento atuais forem mantidas, a eletricidade dessa fonte poderá dobrar de 2008 a 2010, de 108 TWh para 200 TWh de capacidade.

Quanto à energia fotovoltaica, desde 2003 a capacidade instalada tem dobrado a cada ano. O documento também destaca o potencial da energia solar concentrada. Atualmente, a maioria dos projetos com a nova tecnologia está concentrada na Espanha.

O relatório 2010 Renewable Energy Snapshots pode ser lido em http://re.jrc.ec.europa.eu/refsys 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Até a copa do mundo ficou verde


Para reduzir danos ambientais, países-sede usam tecnologias limpas e tornam seus estádios sustentáveis

No próximo dia 11, África do Sul e México farão o jogo de abertura da Copa do Mundo 2010, no estádio Soccer City, em Johannesburgo. Principal ícone da Copa, onde será disputada também a final, a arena passou por uma ampla reconstrução para sediar jogos do mundial. Reforma-se construções de estádios, aliadas ao transporte de cerca de 350 000 turistas até a África do Sul, devem provocar a emissão de 2,75 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Esse número só não é maior porque desde 2006, na Copa da Alemanha, uma série de medidas vem sendo tomada pelos países anfitriões e pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) para reduzir os danos ambientais.

A África do Sul está num estágio intermediário de adoção dos padrões verdes. A expectativa é de que o Brasil seja o primeiro país a aplicar mudanças em larga escala, para a Copa de 2014. A transformação começa pelos estádios. Em 2006, algumas arenas reciclaram o lixo e captaram água
da chuva para reúso.

Na África, algumas obras, como o estádio da Cidade do Cabo, destacam-se pela sustentabilidade, enquanto outros receberam poucos recursos nessa área. Nos projetos para os 12 estádios brasileiros da Copa de 2014, há reformas e novas construções. Muita coisa já melhorou desde o início dos trabalhos, há dois anos. “Quando os projetos nacionais foram apresentados, a maioria não tinha preocupações ambientais, como alternativas para energia renovável”, diz Vicente Castro Mello, arquiteto responsável pelo projeto do estádio de Brasília. O novo Vivaldo Lima, em Manaus, prevê o uso de bioetanol e energia geotérmica para gerar eletricidade.

O Beira-Rio, em Porto Alegre, terá um programa para com postagem do gramado, usando
a grama cortada para adubar campos de treinamento do Internacional. No Fonte Nova, em Salvador, haverá um sistema para repelir o calor e evitar grandes gastos com refrigeração. Ele é projetado para receber ventilação natural externa e dar menos trabalho ao ar-condicionado. Na Arena Cuiabá, parte da arquibancada será de metal parafusado, para reduzir a capacidade do estádio depois do mundial, evitando o abandono e o alto custo de manutenção. Outras ideias incluem a instalação de placas fotovoltaicas, uso de equipamentos com menor consumo de energia, assim como o reaproveitamento e o tratamento da água da chuva.

As iniciativas para uso de tecnologias verdes devem vir das cidades-sede e dos arquitetos e engenheiros que construirão os estádios. A meta é atingir o padrão de construção recomendado pela FIFA em seus Green Goals (objetivos de preservação ambiental). O Comitê Organizador Local da Copa recomenda regras mais rígidas, estabelecidas na certificação Liderança em Energia e Design Ambiental (Leed, na sigla em inglês). Os estádios que recebem esta distinção podem ter um custo de construção ou reforma elevado em até 7%,mas chegam a economizar 30% em energia, 50% no consumo de água e 35% nas emissões de gás carbônico. Até agora, cinco das 12 arenas estão registradas para receber a certificação Leed: o Estádio Nacional de Brasília, o Mineirão, o Maracanã, o Vivaldo Lima e a Arena Cuiabá.

VERDES E MAIS TECNOLÓGICOS
Para a Copa de 2014, além das tecnologias verdes, ideias mais avançadas estão surgindo. Jaime Stabel, diretor de tecnologia do Instituto de Tecnologia do Software, afirma que a Copa no Brasil pode iniciar mudanças. No exterior, já é possível ver o mapa de assentos do estádio em 3D pela web. Na África do Sul, o torcedor poderá fazer pedidos na lanchonete pelo celular e recebê-los sem sair do lugar. No Brasil, estuda-se a possibilidade de uso de impressões digitais para acesso aos jogos. Todas as arenas deverão ter Wi-Fi. Bolas com chip e chuteiras com acelerômetro poderão ajudar os juízes a evitar falhas — se a FIFA permitir tantas inovações, é claro. Tudo isso ainda é incerto, mas ninguém duvida que com alta definição e 3D, muita coisa mudará. Qualquer um poderá gravar imagens do jogo e mandá-las para a internet. As partidas serão transmitidas de forma mais participativa para o telespectador. E quem for ao estádio, verá uma construção mais sustentável e tecnológica.

ENERGIA DO VENTO
Há estudos para a instalação de turbinas eólicas próximas a estádios. Mas a viabilidade ainda está sendo discutida, como no Manchester Stadium, na Inglaterra. Como no país costuma nevar, o gelo se deposita sobre as hélices, o que é considerado um risco, pois pode atingir os torcedores.

ARENAS ECOLÓGICAS
Fontes alternativas de energia, reciclagem de lixo e reaproveitamento de água já são realidade em estádios pelo mundo.
VEJA QUADRO: Arenas ecológicas

Brazilian Important Bird Areas get protection



Brazilian Important Bird Areas get protection

11-06-2010

Brazilian President, Luiz Inacio Lula da Silva, has signed the creation of the Boa Nova National Park and the Boa Nova Wildlife Refuge, safeguarding this biodiverse Important Bird Area (IBA) and creating 27,000 hectares of new protected area.

Pedro Develey
Boa Nova IBA, located in south-west Bahia state, has a unique flora and fauna due to the overlap of two biomes 



Boa Nova IBA, located in south-west Bahia state, has a unique flora and fauna due to the overlap of two biomes: lush montane Atlantic Forest, and semi-arid caatinga. The dry deciduous forest of the transitional area, known as mata-de-cipó, is the habitat of two restricted range species, the Endangered Slender Antbird Rhopornis ardesiacus and Near Threatened Narrow-billed Antwren Formicivora iheringi. Three hundred and ninety six bird species have been recorded to date at Boa Nova, 14 of which are globally threatened and 17 Near Threatened.
During the event, President Lula also signed the creation of the Serra das Lontras National Park, another IBA where 16 globally threatened bird species occur, and the creation of the Alto Cariri National Park, in addition to the expansion of the Pau Brasil National Park. Together, these areas will protect about 60,000 hectares of Atlantic Forest, one of the most threatened biomes in the world.
"This is one of the greatest victories for bird conservation in Brazil. These new protected areas are all IBAs, including two sites considered priorities for action by SAVE Brasil. When we initiated our work at these sites they were known by only a few ornithologists, now they are recognised at the national level, and the chances for the survival of an impressive number of threatened bird species have increased considerably", said Jaqueline Goerck, Director-President of SAVE Brasil (BirdLife Partner).
The creation of the protected areas at Boa Nova and Serra das Lontras is a milestone in the efforts for the protection of the region’s biodiversity. SAVE Brasil has been working on both areas for several years, in partnership with governments, non-governmental organisations and local communities, and supporting the process that culminated with the creation of these protected areas.

Arthur Grosset www.arthurgrosset.com
Boa Nova IBA is home to the Endangered Slender Antbird 
"This is one of the greatest victories for bird conservation in Brazil" —Jaqueline Goerck, SAVE Brasil
The Serra das Lontras Forest Complex comprises montane and lowland forests. This gradient of vegetation enables the occurrence of rich bird diversity: 330 species recorded so far, 16 of which are globally threatened and 13 Near Threatened. Serra das Lontras is also a hot spot of plant diversity with 735 angiosperm species, 150 species of ferns and lycophytes. At least 38 species of mammals also occur, among them two primates and three felids threatened with extinction.
The region is also characterized by the traditional cultivation of cacao in cabruca, an agroforestry system that favors the conservation of biodiversity for being associated to areas of native Atlantic Forest. However, because of the cacao crisis, producers have been forced to substitute the cabrucas with more aggressive land uses which degrade forests and threaten the survival of the region’s rich biodiversity.
"Now that these protected areas are created, the next step is to develop and apply their management plans. SAVE Brasil will continue to be involved in this process, working with the Brazilian government to ensure the effective implementation of these protected areas and the long term survival of their unique biodiversity", said Goerck.
The work developed by SAVE Brasil on public policies is funded by the Aage V Jensen Charity Foundation. The conservation programme at Boa Nova is funded by the Brazilian Ministry of the Environment - Ecological Corridors Project, KFW, Nature Canada and Ricoh Co. Ltd. A project for the conservation and sustainable development of Serra das Lontras was funded by the European Union, from 2005 to 2009. The project was developed by BirdLife International, in partnership with SAVE Brasil and Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia (IESB).

terça-feira, 25 de maio de 2010

Especialistas discutem a revolucionária criação da célula artificial

Os professores da UFRJ, Franklin Rumjanek e Stevens Rehen, analisaram a descoberta do cientista J. Craig Venter, que criou a primeira célula sintética, desenvolvida em laboratório.


Veja a reportagem aqui.



sexta-feira, 21 de maio de 2010

A IBM lançará até o fim de 2010, o game CityOne. É um simulador semelhante ao SimCity mas o objetivo é planejar e criar uma cidade sustentável. Vale a pena conferir! Veja o video de divulgação e mais informações aqui.

CityOne: A Smarter Planet game
Think you know what it takes to make the energy systems that serve a city more efficient? Given the opportunity, could you make the city’s water cleaner and more plentiful, its banks more robust and customer-centric and its retail stores more innovative?



Your mission
Level-Up your skills and discover how to make our Planet smarter, revolutionize industries and solve real-world business, environmental and logistical problems using IBM solutions.




terça-feira, 11 de maio de 2010

Doença mortal para anuros


Agência FAPESP (11/5/2010) – A dinâmica de uma doença mortal que tem dizimado populações de anfíbios por todo o mundo foi descrita em uma nova pesquisa, que será publicada esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

A pesquisa destaca que é a intensidade da infecção – isto é, a gravidade da doença entre indivíduos –, e não apenas a sua presença ou ausência, o que determina se populações de anuros sobreviverão ou sucumbirão à quitridiomicose, doença causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis.

Os pesquisadores conseguiram identificar um ponto perigoso na intensidade da infecção, além do qual a doença causa mortalidade e extinção em massa. Segundo eles, episódios seguidos de infecção fazem com que a doença atinja esse limite.

“Verificamos que a mortalidade em massa apenas ocorre quando a severidade da infecção atinge um limite crítico entre os indivíduos. Agora que sabemos qual é esse limite, que se trata de um número específico de esporos fúngicos por anuro, os trabalhos de conservação poderão ser capazes de salvar espécies suscetíveis ao prevenir que a doença atinja tal ponto”, disse Vance Vredenburg, professor da Universidade Estadual em São Francisco, nos Estados Unidos, um dos autores da pesquisa.

Inicialmente, Vredenburg e colegas rastrearam a invasão e a distribuição da quitridiomicose em rãs na Sierra Nevada, na Califórnia, durante um período de 13 anos, com foco especificamente em duas espécies de rãs, Rana muscosa e Rana sierrae.

O grupo verificou que a doença é particularmente destrutiva quando invade uma população que até então não estava exposta, de modo semelhante à epidemia de varíola que matou milhões de pessoas nos séculos 17 e 18.

“Quando a quitridiomicose atinge populações de hospedeiros pela primeira vez, ela se espalha tão rapidamente que os processos naturais costumeiros que fazem com que um patógeno não cause extinção não têm chance de entrar em ação”, disse Vredenburg.

“Estamos vivendo em uma época em que o movimento global de pessoas e de mercadorias está provavelmente espalhando essa doença para áreas em que ela não existia, interrompendo o equilíbrio natural entre o patógeno e seu hospedeiro”, apontou.

A quitridiomicose já promoveu o desaparecimento de mais de 200 espécies de anuros (sapos, rãs ou pererecas) e representa uma grande ameaça à biodiversidade dos vertebrados, destacam os autores.

O artigo Dynamics of an emerging disease drive large-scale amphibian population extinctions (doi/10.1073/pnas.0914111107), de Vance T. Vredenburg, e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0914111107

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Estação Ecológica Juréia-Itatins

Nos dias 9, 10 e 11 de Abril de 2010, tive o prazer de visitar a Estação Ecológica Juréia-Itatins acompanhada pelo Prof. André Eterovic, pela Profa. Gisele Ducati, pelo Prof. Charles Morphy, por 18 alunos da disciplina "Práticas em Ecologia" oferecida na UFABC, e pelos monitores-guias Prof. Nelson "Leleu" Maciel e Prof. Rafael "Bolinho" Lima.


A E. E. Juréia-Itatins é uma bela amostra dos ecossistemas litorâneos (restinga, mangue, costão rochoso) da Mata Atlântica, além da própria floresta tropical úmida. A paisagem é exuberante e recomendo a visita para aqueles que amam da natureza e gostam de uma aventura.


A E.E. Juréia-Itatins está situada nos municípios de Peruíbe e Iguape, no litoral de São Paulo.




Saímos da UFABC (Campus Santo André) à tarde e depois de umas 3 horas de viagem de ônibus chegamos em Peruíbe. Para chegar ao alojamento do Núcleo Arpoador da E.E. Juréia-Itatins tivemos que atravessar de barco a saída do Rio Guaraú. O ideal é fazer esta travessia com a maré baixa, especialmente se tiver levando bagagem (mochilas de preferência).




No primeiro dia, chegamos no fim da tarde no alojamento. O alojamento do Núcleo Arpoador é bem confortável, possui 10 quartos com 4 leitos (2 beliches) cada, e dois banheiros com chuveiros coletivos. À noite tivemos a palestra do Dr. Nelson Maciel sobre ecossistemas costeiros, onde ele teve a oportunidade de compartilhar com todos nós sua imensa experiência no tema e especialmente na região.




No segundo dia pela manhã, percorremos duas trilhas (subindo e descendo morro) ao longo das quais ambos os monitores-guias mostraram as características da floresta tropical úmida do bioma Mata Atlântica e os alunos tiveram a chance de sentir, usando todos os sentidos, e aprender mais sobre esse ecossistema.
















As trilhas não são fáceis mas o esforço valeu a pena para chegarmos à Praia de Parnapuã, onde os monitores ofereceram uma aula sobre restinga ao vivo.




Como tínhamos que aguardar a maré baixar para atravessar a Praia do Arpoador na volta, sobrou um tempinho para conhecer a Praia do Juquiazinho. Valeu a pena!




Na volta, a maré não estava tão baixa assim... Mas deu para atravessar.




À noite, tivemos a palestra do Prof. Rafael Lima sobre suas experiências em projetos de conservação e educação ambiental no projeto TAMAR.


O terceiro dia começou com um lindo nascer do sol.




Neste dia fomos conhecer o costão rochoso e o mangue com as aulas dos monitores Nelson e Rafael.












Com certeza, as aulas ministradas pelos monitores-guias Nelson e Rafael enriqueceram muito a disciplina "Práticas em Ecologia" oferecida por mim e pelo Prof. André. Outra visão dos ecossistemas costeiros do bioma Mata Atlântica foi mostrada aos alunos e eles tiveram a oportunidade de vivenciar estes ecossistemas e testemunhar como boas aulas in loco podem ser usadas também para educação ambiental.


Para aqueles interessados em visitar a Estação Ecológica Juréia-Itatins, entrem em contato com a Associação de Monitores Ambientais da Juréia: (13) 9701-3428 (Edilaine); e-mail: aventuranajureia@hotmail.com. Eles oferecem excursões guiadas e informações detalhadas de como visitar a unidade de conservação. O telefone da sede da E.E. Juréia-Itatins é: (13) 3457-9243.


Mais fotos no website da disciplina "Práticas em Ecologia".